JORNALISMO 1.0

 A Primeira Fase do Jornalismo: Origens, Escritas Iniciais e a Formação da Atividade Jornalística

O jornalismo, tal como o conhecemos hoje, é fruto de um longo processo histórico. Antes de existir a figura do jornalista profissional, sociedades antigas já produziam registros, boletins e comunicações que desempenhavam funções semelhantes às de informar, organizar a vida pública e registrar acontecimentos de interesse coletivo. A “primeira fase do jornalismo” corresponde justamente a esse período embrionário, no qual surgiram os primeiros escritos que pavimentaram o caminho para a atividade jornalística.

Desde as primeiras civilizações, a circulação de informações era essencial para a vida social, política e econômica. Governantes precisavam comunicar decisões, comerciantes dependiam de notícias sobre rotas e mercados, e eventos públicos necessitavam de registro. Nesse contexto, surgem os primeiros documentos que, ainda que rudimentares, podem ser considerados precursores do jornalismo.

O marco mais reconhecido como “protojornalístico” é o Acta Diurna, criado em Roma no século I a.C., durante o governo de Júlio César. Era uma espécie de boletim público, afixado em locais de grande circulação. Relatava decisões do Senado, anúncios oficiais, registros de nascimentos, mortes, eventos sociais e resultados de julgamentos. Funcionava como uma forma primitiva de jornal mural. A principal característica do Acta Diurna é que ele representava uma intenção deliberada de informar a população sobre fatos do cotidiano, estabelecendo uma rotina de comunicação, elemento fundamental do jornalismo.

Na Idade Média e no início da Modernidade, especialmente a partir do século XIV, surgiram documentos manuscritos conhecidos como avvisi (na Itália), Gazettes, Relationen e corantos, que circulavam entre comerciantes, banqueiros e viajantes.

Eram manuscritos privados, vendidos por informantes. Incluíam notícias sobre comércio, guerras, política e eventos internacionais. A circulação era restrita, elitizada e de alto custo.Esses boletins escritos tornaram a informação um bem comercializável, antecipando o que mais tarde se tornaria o mercado jornalístico.

A invenção dos tipos móveis por Johannes Gutenberg (por volta de 1450) transformou profundamente a comunicação humana. A partir desse momento: Textos podiam ser produzidos em maior quantidade e velocidade. Informações passaram a circular de modo mais amplo e acessível. A ideia de “público leitor” começou a se formar. Esse avanço tecnológico foi o ponto de virada que possibilitou o nascimento efetivo do jornalismo impresso.

A partir do século XVII, começam a surgir os primeiros jornais de fato. Entre os pioneiros: 

  • Relation aller Fürnemmen und gedenckwürdigen Historien (1605), na Alemanha – considerado por muitos o primeiro jornal impresso regular.
  • La Gazette (1631), de Théophraste Renaudot, na França – o primeiro jornal estatal e um dos mais longevos.
  • The Oxford Gazette (1665), na Inglaterra – posteriormente chamado de The London Gazette, ainda em circulação.

Essas publicações traziam características que configuram o jornalismo moderno: periodicidade, intenção de informar fatos atuais, público definido, organização editorial.

Essa transição criou a figura emergente do jornalista, ainda que inicialmente confundido com o tipógrafo, editor ou cronista.

Na primeira fase do jornalismo não existia ainda o jornalista como profissão formalizada. O que existia eram: cronistas da corte, escribas, tipógrafos que selecionavam textos, correspondentes que enviavam notícias de outras cidades.

A identidade profissional começaria a se estabilizar entre os séculos XVIII e XIX, já no contexto da imprensa industrial, da urbanização e das revoluções liberais.

A primeira fase do jornalismo é marcada por um conjunto de práticas e documentos que surgiram bem antes da profissão se institucionalizar. Desde os boletins romanos até os primeiros jornais impressos, o jornalismo foi sendo moldado pela necessidade humana de registrar fatos, comunicar decisões e compartilhar informações relevantes.

Esses escritos iniciais, Acta Diurna, avvisi, gazetas manuscritas e os primeiros impressos, foram fundamentais para o desenvolvimento posterior da imprensa, da esfera pública e, finalmente, da profissão jornalística como a conhecemos hoje. Cada etapa representou um avanço na direção de um sistema mais organizado, regular e socialmente influente de produção de notícias.

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