BBC adota IA generativa com cautela e foco na transparência editorial


Referência global em jornalismo público, a BBC tem abordado o uso da inteligência artificial generativa com base nos mesmos princípios que norteiam suas práticas editoriais tradicionais. Um estudo conduzido pelo mestrando João Pedro Malar e pela professora Elizabeth Saad, ambos da Escola de Comunicações e Artes da USP, analisou cinco posicionamentos públicos da emissora sobre o tema entre 2023 e 2025, incluindo comunicados assinados pelo diretor responsável por projetos com IA.

O levantamento aponta que a BBC mantém uma visão consistente sobre a tecnologia, tratando sua adoção como parte de um processo contínuo de incorporação de ferramentas digitais. A emissora veda a criação de conteúdos jornalísticos originais por IA, exceto para usos gráficos, mas permite seu emprego em atividades como curadoria, análise de dados e busca de informações.

Um dos pontos centrais da política editorial é a exigência de transparência com o público: sempre que a IA for usada em contextos que possam gerar dúvidas sobre a autenticidade do conteúdo, ou quando não houver supervisão humana, isso deve ser explicitado. A BBC também reforça princípios como o interesse público, a valorização do talento humano e a abertura com as audiências.

Embora detalhada, a política da emissora evita aprofundar riscos éticos mais amplos, como impacto ambiental, substituição de profissionais ou dependência crescente de plataformas tecnológicas. Esses pontos permanecem como lacunas no debate.

Diante de um cenário em que a inteligência artificial transforma rapidamente o jornalismo, será que o compromisso com a transparência será suficiente para manter a confiança do público?

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